segunda-feira, 9 de junho de 2008

Do ponto de vista do Índio...


Optamos estudar do ponto de vista da etnologia clássica, concentrada no conhecimento das dimensões internas da vida dos povos indígenas, ao invés da etnologia interétnica com, o objetivo basicamente oposto clássica, concentrando-se em grande parte a questões administrativas, ou melhor, o ponto de vista do Estado nacional.

Nesses últimos meses com a discussão de problemas ambientais e reintegração de terras indígenas, é visível a falta de conhecimento de nossos governantes em relação às diferenças entres as tribos brasileiras. A questão das terras indígenas ilustra bem a visão errônea do governo brasileiro para com os índios. Muitas vezes observamos comentários como o de Arnaldo Jabor em relação ao caso do conflito da terra indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, em que ele critica que poucos índios tenham posse a uma grande quantidade de terra, e brasileiros pobres não tenham onde morar. Esse tipo de comentário só aumenta a falta de sensibilidade, e ignorância da massa popular, sobre a necessidade de falar do nativo de acordo com o nativo. Nas escolas aprendemos sobre os índios de forma genérica, sem conhecer e entender a relevância de conhecer as diferenças fundamentais entre a cultura dos índios e a nossa.
É fundamental que as reservas indígenas sejam extensas, pois isso é primordial para que eles consigam conservar seus rituais, e não ter que precisar se misturar à nossa sociedade de forma marginal. Além de que, segundo dados da FUNASA, a curva de crescimento da população indígena, que evolui aproximadamente 5% ao ano, o que corresponde a 2,6 vezes o crescimento da população não-indígena. Atualmente, são cerca de 490 mil indígenas aldeados em todo o País.
Tentar “aculturar”, esta população é uma desculpa para que essas terras sejam redistribuídas. A coerência da etnologia clássica assume um papel único e inevitável no estudo das sociedades tribais, pois além de considerar os membros dos coletivos indígenas localizados no Brasil como cidadãos brasileiros, respeita as suas distintas organizações sócio-culturais e direitos sobre as terras que ocupam. Ela além de ser tida como a mais coerente é também a mais legítima, pois leva em consideração a voz do nativo: seus anseios, suas pretensões, e o mais importante, como se vêem e se relacionam.
As reservas indígenas não são respeitadas pelos “civilizados”, e com isso Atividades irregulares de agronegócio, extração ilegal de madeira, garimpos, grilagem e cooptação de índios por fazendeiros são alguns dos problemas em pelo menos dez reservas.
Os índios têm protegido nossas florestas, e sabem melhor que qualquer um como usar as riquezas naturais de forma sustentável - este que é um termo recente e da moda, é substancialmente o que os índios praticam a centenas de anos.
O estudo, conduzido pelos pesquisadores no Woods Hole Research Center e no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, analisou a efetividade de áreas protegidas contra remoção das florestas usando análise quantitativa de dados de satélite. Foi descoberto que o desmatamento era de 1,7 a 20 vezes maior fora do perímetro das reservas, enquanto os incêndios florestais eram de 4 a 9 vezes maior. Terras indígenas também desaceleraram a remoção de florestas em regiões fronteiriças com forte desmatamento.
Assim como nós podemos aprender com os indígenas, sem nos tornarmos índios, temos que entender que os índios podem aprender coisas da nossa cultura, e adquirir alguns hábitos, sem necessariamente terem que se civilizarem. E não é porque eles não têm capacidade intelectual para isso, mas sim muitas vezes eles mesmos não têm interesse nenhum, pois eles têm sua própria cultura e são satisfeitos com ela.
A respeito da assimetria epistemológica, é necessário dizer que, o nativo tem que estar no mesmo níveo epistemológico que o antropólogo. Ou seja, o nativo tem que ser ouvido sempre.
A tentativa de aculturação dos índios é um problema crônico da nossa sociedade. Matavam-se muitos índios principalmente “porque não tinham alma”, explicação religiosa. Tudo que era problema social era excluído da sociedade: bêbados, índios, negros...
Como fazer uma integração dos índios menos desumana?
Talvez uma alternativa seria possibilitar a preservação da cultura indígena, e aprender com ela à como explorar a Amazônia com a ajuda dos índios, pois é provado que eles têm muito a ensinar sobre isso. Aceitar as diferenças da população do nosso país, efetivamente, e não só em discurso numa visão romântica do índio.

3 comentários:

MARISCO disse...

Discuti-se muito a causa indígena. Quem menos é ouvido é o índio. No entanto, me parece que a elite, em algum momento, produziu algo de interessante: o Projeto Calha Norte. Realmente vale a pena?
Por onde anda esse projeto? Precisamos iniciar a discussão e aprofundar o debate.
Espero que este blog se pronuncie.

Cristina Roseno disse...

olá marisco!!!
em breve postaremos uma resposta!!!
valeu pelo comentário!
Abraço!

Anônimo disse...

Cris, preciso falar URGENTE com vc... Como faço??
Sou aluna da ESP e vi que vc tem um link no seu blog falando da Práxis Liberal...
Pelo Amor de Deus, me ajuda...
meu e-mail é lidiana-ambrosio@hotmail.com

Bjuss

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